Sempre parei para pensar como a cultura norte-americana se espalhou pelo mundo. Ignorância talvez pensar: “por que eles?”, uma vez que é bem claro o fato de a cultura estar bastante ligada à globalização, ao capitalismo, que juntos trazem o poder. Não sabemos o que se produz, por exemplo, na China, no Japão, ou na Itália. Sabemos sim, muito bem tudo o que se produz nos EUA e um pouco na Inglaterra, mas aí por conta da língua inglesa.
Às vezes a cultura de fora nos parece melhor. Não que ela seja, mas parece, uma vez que já estamos acostumados a ela. Assim, copiamos estilos de vida que são usados como símbolos de modernidade e contemporaneidade. Vamos para as boates dançar, extravasar as energias, e para isso escutamos a música techno. Mas aqui no Brasil, temos ritmos tão dançantes quanto, tão energizantes quanto. Falar inglês e se inserir nessa cultura é como se fosse o sinônimo de uma garantia de que estamos dentro de uma expansão em nível global. Cantores como os Scorpions, que são alemães, ganharam a vida cantando em inglês. O U2 é um grupo irlandês que também se utiliza do inglês. Até a colombiana Shakira desistiu do seu espanhol e entrou na onda do verb to be. E quem é que hoje não conhece suas músicas?
Ao contrário do alemão, do russo ou do japonês, a língua inglesa é eficaz como elemento de comunicação de massa. Estruturas fáceis, gramática simples e a tendência a usar palavras mais curtas e sentenças mais objetivas e concisas, são vantajosas para a difusão da cultura de massa americana. Mas eu vivo me perguntando: o que é de fato a cultura americana (tirando fast foods, Disneylândia e hollywood), que aos meus olhos parecem um tanto vazios? Me questiono também se a cultura americana é de fato americana. Chego à conclusão que acabamos por viver na falsa ilusão de que os Estados Unidos transformam o mundo em uma réplica deles, enquanto que eles sim que são uma réplica do mundo. Mas ele é tanto consumidor de influências artísticas estrangeiras quanto um modelador de gostos e entretenimento no mundo todo.
O que acho um barato aqui no Brasil é o “abrasileiramento” que fazemos dos elementos de culturas estrangeiras. Aqui comemos sushi frito e pizza de banana com canela. E as raves, que são por excelência festas internacionais onde as pessoas aproveitam para aliar o ecstasy à música eletrônica (dito pelos usuários como a combinação perfeita), aqui no Brasil o pessoal fica na velha e boa cerveijinha. Mas poxa, cerveja combina com o nosso samba!!
É com esses pequenos elementos que nos distanciamos um pouco dessa obsessão de cultura global. Não é que ela me apavore, até porque eu também faço parte do bolo que já está imerso nela. O que me dá arrepio é pensar em uma tendência à uniformização cultural e ao esquecimento do que temos para mostrar de diferente, de novo, que é o que de fato importa.