segunda-feira, 2 de junho de 2008

Português X Politiquês - Por Laura Gallindo

Em uma coletiva de imprensa uma jornalista perguntou a um pré-candidato a prefeito o que ele iria fazer caso fosse eleito. A resposta ressoou nos bastidores de um estúdio onde um outro pré-candidato repassava o texto para gravar um comercial. Não muito diferentes são os discursos arquivados em décadas de eleições e campanhas políticas. O português ganhou um novo dialeto falado exclusivamente pelos ‘‘Tupiniquins do Planalto’’.


Palanques ouvem incessantemente as inúmeras possibilidades sinonímias da língua portuguesa. Sai o ‘‘Pernambuco segue em frente’’ e entra o ‘‘Avança Pernambuco’’ que logo é substituído pelo ‘‘É tempo de mudança’. Os ouvidos atentos do povo procuram as sutilezas que diferenciam as propostas desses adversários-irmãos. O que mais lhe interessa? Um parece que vai desenvolver o estado através da educação para todos, outro através da melhoria do serviço de saúde pública e mais um que diz acabar com a violência no estado.


Não faltam promessas tentadoras que brincam com o imaginário popular. Os políticos lidam com o que de mais perene há em um homem: a esperança. Esta é renovada a cada dois anos com o recomeço de mais um período eleitoral e de promessas vindas de uma linguagem redonda, rebuscada e vazia. É fácil um analfabeto perder-se nesse politiquês desvairado que invade as ruas descalças de seu bairro profetando urbanização.


O que o senhor acha da violência? E José escuta: ‘‘Números exorbitantes. É preciso salientar a importância de estar revitalizando a força humana que gerencia o controle à violência. Estarei priorizando essa questão no decorrer do meu mandato.’’ Fico me perguntando se ele não poderia ter usado menos gerúndio. Talvez José tenha esboçado uma cara de aparvalhado que foi logo clicada pela assessoria do candidato. A legenda da foto será: ‘‘eleitor se impressiona com a proposta de combate a violência’’. José realmente impressionara-se. Após tão bela ordenação de palavras ele ainda não tinha chegado à conclusão sobre o que iria ser feito para reduzir os homicídios dos quais muitos de seus amigos já foram vítimas.


No Brasil dos contrastes o que falta a muitos dos nossos governantes e políticos é a desintoxicação de uma linguagem viciada em pompismos. O discurso não pode ter cara de gravata ou sorriso alinhado. Fala oca não mata fome nem educa o povo. Já está na hora dos nossos representantes ‘’descerem do planalto’’ e encararem a gramática da realidade brasileira.

6 comentários:

Anônimo disse...

Laura para presidenta!!!
hauhauahuahuah
muito foda.

bjos, linda.

Unknown disse...

mt bom Laurinha !
parabéns pelo blog!

um bjao.

Anônimo disse...

Laureteee! Muito bom. Adoro tuas ironias. bjoos.
Pri.

Anônimo disse...

Ah, Laurinha, tão sem graça comentar teus textos. O que falar se já sabes que sou tua fã? E que eu tô pra encontrar alguém que escreva como você?

Quem vai seguir em frente é você. O avanço é todo seu, amiga!

AMO MUITO!

Anônimo disse...

Jornalismo tá no sangue!!
Muito sua essa forma de escrever. continue assim Laurinha. o próximo faz esportivo.
bjoss.

Anônimo disse...

Lala,

Ótimo tema, principalmente com as eleiçoes se aproximando. É bom preparar nossos ouvidos para as baboseiras que virão.

Muito boa sua forma de abordar os assunto. Adorei as ironias.

bjão.